Não deixarmos que a vaidade nos coloque em situações ridículas por pensarmos que a verdade é nosso patrimônio pessoal. O melhor argumento é o “ sei que nada sei ”.

domingo, 31 de julho de 2011

Estilos incomuns de Bonsai II

Tosho: Este estilo de bonsai se assemelha ao Sookan, porém ele possui 3 troncos distintos e com identidades próprias.












Ne-Agari: Este é o estilo em que o bonsai possui raízes expostas























Sekijoju: Estilo no qual as raízes mais grossas são expostas e ficam sobre uma pedra, porém as raízes mais finas, utilizadas para alimentação, ficam enterradas.





















Ishitzuki: Semelhante ao Sekijoju, porém nesse estilo todas as raízes se encontram sobre uma(s) pedra(s).



















Bankan: Estilo com tronco espiralado que possui uma ou mais voltas.



















Sabamiki (ou Saba-Miki): Estilo que simula uma árvore atingida por um raio, possuindo o tronco rachado.



















Kabudashi (ou Kabudachi): Estilo que simula um tronco de árvore que se quebrou próximo ao solo, surgindo vários brotos no toco existente.















kadabushi: Simula a situação onde uma árvore cai e suas raízes a continuam suprindo de alimentos, fazendo assim com que cada galho se torne uma árvore quase independente, para isso precisa-se compor um bonsai com vários troncos que possuam suas raízes interligadas, ou como é comum dizer, em “Jangada”.

Estilos incomuns de Bonsai



Fukinagashi: Este é o estilo “varrido/soprado pelo vento”, nele a árvore deve dar a impressão de viver em uma colina exposta ao vento e sofrendo de sua constante ação. Nesse estilo você tem que remover todos os ramos que crescem “contra o vento”, pode-se usar diversas espécies de plantas diferentes para fazer um Fukinagashi devido a sua simplicidade de produção.




Yose-Ue: Visa simular uma floresta, para isso constitui em um aglomerado de número ímpar de árvores de tamanhos diferentes plantadas juntas.


















Hokidachi: É um estilo bem semelhante a uma árvore normal, com tronco reto e ramos se espalham como uma espécie de escova ou vassoura. Todos os ramos nascem na mesma altura e sempre a partir de um terço da árvore ao menos, de modo que o pico é simétrica e arredondada. Este estilo é utilizado principalmente em espécies folhosas.



Bunjingi (ou Bunjin): Também chamado de árvore do escritor ou literato, ela deve seu nome a um grupo de estudiosos que a criou na China. Esta forma diz respeito a uma folha de árvore conífera com uma copa mínima, isso é feito para “contar a história” de uma árvore velha que cresceu ao longo da floresta, mas agora é a única que restou. Ideal para as espécies de coníferas, principalmente pinheiros, plantadas em potes circulares pequenos.










Sookan: Estilo que significa “Tronco em Duplicidade”, nele o tronco se divide em dois desde a base do bonsai, porém ambos os troncos devem possuir identidade próprio, por isso um deve ser maior para ser o principal e o outro ser o secundário.


Solo correto para o plantio de bonsai


Essa é uma tabela com algumas sugestões de combinações de solo para o plantio de bonsai.
Você pode utilizar solos diferentes dos aqui listados e tentar descobrir melhores combinações se quiser, essa é apenas uma lista de referência com alguns solos de eficácia comprovada para auxiliar novos praticantes da arte do bonsai.

Azaléa, Hibisco, Scheflera, Sequóia
  • 1 parte de areia grossa ou pedrisco 2/3mm
  • 1 parte de terra preta grossa ou terra de cupim
  • 2 partes de terra vegetal ou húmus de folhas
Caliandra, Acer, Ipê, Carmona, Bétula, Buxus, Olmo (Ulmus), Faia, Zelcova, Duranta, Ficus, Floríferasem geral, Ume, Primavera (Bougainville), Serissa, Tamarino,Magnólia
  • 1 parte de areia grossa ou pedrisco 2/3mm
  • 1 parte de terra preta grossa ou terra de cupim
  • 1 parte de terra vegetal ou húmus de folhas
Piracanto, Figo, Pitanga, Wisteria, Pêssego, Azevinho, Jaboticaba, Cotoneaster, Maçã, Siriguela, Pêra, Taxus, Coníferas, Ameixa, Cereja, Tuias
  • 2 parte de areia grossa ou pedrisco 2/3mm
  • 1 parte de terra preta grossa ou terra de cupim
  • 1 parte de terra vegetal ou húmus de folhas
  • Nota: Para Tuia Nanã trocar a terra preta por barro e não usar terra vegetal/humus
Ginkgo, Cipreste, Criptoméria, Cedro, Lariço, Acácia
  • 2 parte de areia grossa ou pedrisco 2/3mm
  • ½ parte de terra preta grossa ou terra de cupim
  • ½ parte de terra vegetal ou húmus de folhas
Carvalho, Shimpaku, Pinheiros, Eucalípto, Junípero Rígida (TuiaJacaré), Juníperos
  • 3 parte de areia grossa ou pedrisco 2/3mm
  • ½ parte de terra preta grossa ou terra de cupim
  • ½ parte de terra vegetal ou húmus de folhas
Azaléa – solo alternativo
  • 1 parte terra preta grossa ou terra de cupim
  • 2 parte de terra vegetal ou húmus de folhas
  • 1 parte de areia grossa ou pedrisco 2/3 mm
  • 1 parte de barro grosso

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Muda, Pré bonsai e Bonsai

Muda, Pré  bonsai e Bonsai

O nascimento de uma árvore em seu habitat original ocorre na grande maioria das vezes com a natural produção em massa de sementes que se espalham pelo ambiente de maneiras, as mais curiosas. Algumas sementes com perfis aerodinâmicos perfeitos são levadas pelos ventos e chegam a percorrer quilômetros até reencontrarem o solo. No chão, muito poucas conseguem superar as dificuldades e germinar. Para isso é preciso que nenhum pássaro as aproveite como alimento; que o clima mantenha-se em condições ideais de umidade e temperatura; que o solo onde a semente pousou seja fértil e o local possua condições adequadas de iluminação.
Os primeiros meses de vida também serão difíceis. Nenhum animal pode cobiçar a pequenina muda como alimento, o sol não poderá estar muito forte e nem as chuvas muito agressivas. As condições químicas, físicas e biológicas do solo precisarão estar registradas dentro da memória genética desse vegetal para que ele possa se desenvolver saudável como a árvore que o originou. Somente as mudas mais resistentes e melhor adaptadas ao ambiente sobreviverão. Essa dificuldade toda deixa claro a fragilidade das pequenas mudas.
É muito comum na iniciação da pratica do bonsai que pessoas comecem a cultivar “árvores em vasos” utilizando-se de mudas. Livros de bonsai, normalmente trazem em seu início o tema “Como produzir uma muda de árvore”, com técnicas simples ou mais complicadas como enxertos e alporques. Alguns cursos de iniciação ao bonsai são elaborados para proporcionar o aprendizado de algumas atividades como adubação, troca de terra e até modelagem com arame em árvores muito novas (mudas). Estas práticas de ensinamentos podem ser perigosas, tanto pela inexperiência do iniciante como pela fragilidade das mudas. Infelizmente, muitas pessoas no Brasil que tentaram o cultivo do “bonsai” e desanimaram por não obterem os resultados satisfatórios desejados. Essas pessoas até se identificam com essa “brincadeira chamada bonsai”, mas a insatisfação em ver fenecer um vegetal ou um ser vivo, muitas vezes desanima e provoca desistência.
Quando uma pessoa pela primeira vez se depara com um autentico bonsai, se surpreende e se interroga:
Como podem viver árvores com dimensões tão reduzidas, manter-se tão belas e até mesmo majestosas?
Como podem viver saudáveis dentro destes minúsculos vasos ?
Sim, é um choque cultural. O mundo ocidental não estava acostumado com o bonsai. Entretanto essa descoberta maravilhosa aconteceu há mais de 2000 anos no oriente e somente a partir do século passado os ocidentais dele tomaram conhecimento. Para nós brasileiros, que usamos as plantas com pouca freqüência em nossos lares, este “milagre” de uma árvore poder ser tratada e modelada tornando-se um objeto de tão rica beleza e encantamento é realmente surpreendente.
Ao adentrarmos em uma boa exposição de bonsai nos deparamos com ARTE.
A mesma arte que encontramos na pintura, escultura, musica, dança e tantas outras formas em que o ser humano põe em prática sua sensibilidade, engenhosidade e inteligência para dominar a matéria a fim de provocar emoções. Mas o bonsai, diferentemente de outros tipos de arte, precisa de muito tempo para apresentar características essenciais que provoquem uma verdadeira emoção estética. A primeira vista podemos dizer que a forma de “mini-árvore” dos bonsai naturalmente nos encanta, pois é forma reduzida do que estamos acostumados a ver e admirar. Mas não é qualquer árvore que nos chama muito a atenção. Na verdade apreciamos aquelas mais altas, mais grandiosas, mais antigas, com troncos rugosos e grossos, com formas e texturas onde é claramente possível identificar sua longevidade; são as que mais nos impressionam. Isto nos dá uma clara idéia de que as árvores mais antigas são as mais belas e emocionantes, e devem ser imitadas. Imitadas em todas as suas formas e beleza.
Tudo o que na natureza nos é possível observar e admirar.
Até parece fácil !
Mas essa naturalidade custa algum tempo para se desenvolver. Somente depois de muitos anos, com podas regulares é que uma muda terá seu tronco engrossado. E se ela for trabalhada desde cedo com podas freqüentes para se pré-determinar um estilo,  será mais fácil transformá-la em um bonsai.
As mudas, que são trabalhadas por algum tempo, geralmente produzidas por viveiros especializados, são chamadas de Pré-bonsai. Estes se caracterizam por seus troncos mais grossos, sua copa com dimensões reduzidas e estilo pré-definido. O pré-bonsai muitas vezes é produzido de galhos através de técnicas especiais que permitem o surgimento de raízes no próprio galho. Esta técnica traz a vantagem de proporcionar troncos mais grossos em relativamente pouco tempo de tratamento. Mas em contra partida não possuem um dos aspectos mais valorizados nos bonsai, seu enrraizamento na base do tronco. De qualquer forma independente da técnica usada, desde que bem usada, as mudas serão na grande maioria das vezes mais frágeis que um pré-bonsai. A reserva de energia de uma árvore é armazenada em sua estrutura de galhos, troncos e raízes, de tal forma que galhos mais finos, raízes pouco desenvolvidas deixam a muda mais frágil.

A definição de bonsai deve ser compreendida e não traduzida. O bonsai não é só um substantivo, mas também um verbo. Qualquer tratamento que se dê a esta “arvore envasada”, inclusive o mais simples, é definido como bonsai. Bonsai é regar, bonsai é adubar, bonsai é transplantar, bonsai é podar, bonsai é caprichar..., o melhor de tudo é que o bonsai é um lazer artístico acessível a todas as pessoas, e não somente aos grandes mestres.
É muito importante para os iniciantes esta compreensão de prazer lúdico ao “brincarmos” com o bonsai. Muitas vezes, a mentalidade ocidental nos faz querer tudo de uma maneira imediatista e competitiva. O cultivo do bonsai carrega em si muito do espírito oriental antigo, onde o tempo não tem tanta importância, onde a felicidade pode ser encontrada em pequenos detalhes do dia a dia e onde o perfeccionismo se impõe fortemente. Infelizmente nossa modernidade carrega como qualidades o resultado rápido, e é muito comum no ocidente o valor das exibições em que os mestres procuram mostrar a transformação de um pré-bonsai em bonsai em uma única exibição de 3 ou 4 horas. Estas práticas são incomuns no Japão. Devemos procurar conhecer esse “outro lado”, buscar continuamente o prazer nas pequenas ações que esta prática nos proporciona, sem ansiedade, melhorar cada vez mais um bonsai independentemente de sua idade, pois o efeito em nosso crescimento será igual.
Entretanto é necessário compreender a existência de uma visão ocidental e que esta deve ser respeitada. Mas certamente o praticante ocidental de bonsai poderá ganhar muito ao descobrir que esta pode ser uma forma de aprimoramento de qualidades essencialmente humanas, como a paciência, a humildade, a tenacidade, a perspicácia e serenidade de espírito. A concentração e a disciplina exigida pelo bonsai e o estado sereno necessário para sua prática nos remetem a um estado meditativo que nos permite ausentarmo-nos de nosso ego e nos tornarmos mais placidamente irmanados com a natureza.


A Filosofia do Bonsai





A Arte e a Filosofia do Bonsai são criação única e exclusiva da Natureza. Antes dos primeiros observadores humanos, a Natureza vem recheando nossos caminhos de belíssimas árvores miniaturizadas. No Extremo Oriente, por razões filosóficas e religiosas, há maior contemplação do Mundo que nos cerca e maior meditação sobre os fenômenos naturais, por menores que sejam. Logicamente, teriam que ser monges budistas os primeiros a transportar para a habilidade humana, essa Arte tão fascinante. Parece-nos irrelevante, neste contexto, discutir quem primeiro fez esta transposição. Chineses e Japoneses devem ter chegado quase juntos na apreciação e execução da Arte. Embora raramente mencionados, os Coreanos também são precursores nesta transposição. A nosso ver, os Japoneses merecem o nosso reconhecimento por terem aberto ao mundo ocidental as técnicas da Arte, principalmente após a Segunda Grande Guerra, principalmente os Grandes Mestres Kyuzo Murata e Yuji Yoshimura.Ou seja, fizeram com que enxergássemos aquilo que diariamente não vemos, embora exemplares existam em abundância. No Rio de Janeiro, é comum árvores assumirem o formato "Semi-Cascata" nos taludes do canal do Mangue, no bairro do Maracanã, ou outras "Fustiga das" nas áreas mais descampadas perto da praia, na Barra da Tijuca ou no Recreio dos Bandeirantes. Estão lá, quase ninguém as vê individualmente e poucos as apreciam. Pela sistematização da Arte do Bonsai por povos orientais, ela traz consigo conotações das filosofias religiosas praticadas há muito tempos, naquelas regiões.

Por.:  Fabiana Kussakawa do Miagui Bonsai

   Espiritualidade e Arte

Filosofia - O ELEMENTO INSPIRAÇÃO - O fato de que o Bonsai pode inspirar e elevar o espírito humano é aceito pela maioria das pessoas. Sua origem tem um significado religioso e filosófico. Assim como os arranjos florais japoneses que são usados para adornar o tokonoma (altar da casa familiar japonesa), também são usados bonsai como um ato de culto com o mais profundo sentido espiritual da vida. Como um longo processo, nascido de uma visão interiorizada de uma árvore em seu habitat natural, transformado em obra de arte, é capaz de evocar sentimentos de beleza, graça e grandeza. A dedicação, a observação, a perseverança, a disciplina, a humildade e a determinação são todos fatores preponderantes em nossas vidas, assim como nos bonsai. Em todo bonsai se encontra a forma do triângulo : Deus - Terra - Homem; o bonsai une a terra ao céu, se converte em alegoria concreta ao conduzir o homem pela rota do espiritual. Se conta a história daquele velho sábio que explicava sobre seu rosto jovem e liso por sua devoção ao bonsai: ao contemplar sua obra, não podia envelhecer, já que "se as flôres murcham no inverno, em sua casa estão sempre abertas". O bonsai, imagem interior, simbolo da eternidade - elimina o tempo, reflete a harmonia entre o homem e a natureza, entre o céu e a terra.
PRINCÍPIOS DE ESTÉTICA - Como arte, os bonsai tem certos princípios de estética que podem ser analisados e estudados, os quais estão baseados nas linhas estéticas das artes chinesas e japonesas. Por tanto, para apreciar a estética do bonsai, é necessário entender em que contexto estas artes se desenvolveram.
Originam-se quase todas no taoísmo e no budismo, com disciplinas complexas e muito técnicas, baseadas nos princípios fundamentais de "wabi" e "sabi". Wabi, significa literalmente "pobreza" ainda que esta tradução não reflita a riqueza de seu verdadeiro significado. Pobreza neste sentido, significa não ser dependente de possessões materiais. Pressupõe que esta pobreza externa autentifica a riqueza interior, devido a presença de algo de valor superior a presença de meras possessões. Em termos intelectuais e artísticos, o wabi encontra-se em pessoas que não caem em complexidades estruturais, de expressão adornada em excesso ou de pomposidade na auto-estima. "Sabi" por outro lado, denota "solidão", ainda que em termos estéticos seu significado seja muito mais amplo. Um elemento de antiguidade também está implicado, principalmente se combinado com uma primitiva falta de sofisticação. Encontramos Sabi nos utensílios usados nas cerimônias do chá. Portanto, Sabi é graça combinada com antigüidade.Permeadas com estes atributos, encontramos as qualidades do amor à natureza, preferência pelo desequilíbrio e a assimetria, evitando a abstrção, o intelectualismo e o automatismo. Em adição a Wabi e Sabi, existem sete características mais que são consideradas como expressões do Zen em uma obra de arte, e combinam os conceitos de Wabi e Sabi: assimetria; simplicidade; sublimidade austera; naturalidade; profundidade sutil; liberdade de movimento e tranqüilidade. Uma ou mais dessas qualidades podem predominar em uma determinada obra artística, porém todas devem estar presentes, em certo grau, para criar uma harmonia que caracterize esta obra.
Estes princípios podem parecer mais abstratos e remotos para o principiante, porém com o tempo deverão ser uma parte intrínseca de sua aproximação global ao desenho criativo. Com estes conceitos em mente, se deveriam estudar as grandes obras reproduzidas nos livros de bonsai.